segunda-feira, dezembro 15, 2008

Poésia: Desabafos de um Profeta

É difícil a vida de profeta, do homem que "empresta" o ouvido a Deus e a boca ao povo. Ele ouve de Deus o que deve dizer, e diz. É desprezado e apreciado; incompreendido e aceito; colocado na cova para morrer e liberto, xingado e elogiado. É louco e sábio; homem de alegria e de tristeza. De paz e de guerra. É o profeta. O profeta ouve o que os demais não ouvem. Vê o que ninguém enxerga. Ele nunca pode ser um pastor presidente porque seu ministério está acima do líder convencional; vive nas esferas celestiais e enfrenta as dificuldades financeiras da terra. Se é profeta, não pode ser presidente de igreja... ele tem que falar ao presidente mas não goza das delícias e do conforto do poder. Muitas vezes o profeta se viu diante da possibilidade de liderar, de mandar, de executar, mas seu ministério é mais alto, mais transcendental. Ele foi chamado para ser o porta-voz de Deus e na maioria das vezes o cargo de presidente não se enquadra com seu ministério. Ele vive bem acima de um presidente de igreja, mas profundamente abaixo no que diz respeito às demais coisas da vida. Alimenta-se de gafanhotos, não de caviar, mas tem o privilégio de comer o pão dos anjos. Seu automóvel nunca é o melhor, mas costuma fazer passeios nas carruagens de fogo. Deus pede que o profeta, muitas vezes, se afaste da congregação local, da denominação, da liderança ministerial, única forma de Deus tratar com a igreja. É como se Deus estivesse dizendo ao profeta: "Sua presença profética, intercessora, compassiva; sua renúncia, suas várias milhas de caminhada de paciência; a força de amizade que você tem diante de mim, me impede de tratar com a congregação. Não consigo tratar com os líderes com você no meio deles; não consigo tratar com a igreja, com você amando e sentindo compaixão por ela; preciso que você caia fora...deixe-me agir". O profeta ensina a congregação, e sofre desiludido com a falta de resposta. Ele quer ver os dons abundantes, santidade, honestidade, fidelidade, zelo, no entanto... O profeta se vê obrigado por Deus a abandonar a liderança, para que Deus trate diretamente com os líderes. Vê-se obrigado a renunciar à vida congregacional, para que Deus trate com os sentimentos da Igreja. O profeta conclama a oração. A liderança vê nisto uma boa coisa para a igreja; ela, no entanto, da oração não participa. O profeta suspira por um avivamento, mas desiludido vê que o pouco de avivamento que existe é usado para o engrandecimento do homem e da instituição que dirige. Ele vê o todo enquanto os demais vêem em parte. Ele enxerga longe, os demais perto. O profeta sofre. Ele vê os querubins e serafins e o trono majestoso de Deus, mas Deus não lhe permite usufruir da glória da visão; Deus o remete ao mundo do pecado para que ele exclame: "Ai de mim, pecador". A glória de Deus, ao invés de ofuscar e eliminar o pecado destaca sua iniqüidade e a iniqüidade do povo. A mesma glória que ele vê no céu, ilumina com seu brilho o pecado destacando-o fortemente aos seus olhos. E ele sofre com isto. Foi assim com Moisés que viu através de uma fenda da rocha a eternidade; foi assim com Isaías e com Paulo que nem podiam descrever o que haviam visto! O profeta de Deus sofre com os demais profetas! Ele fala a palavra de Deus e o que escreve é rejeitado pelos líderes e queimado na lareira da vida. Ele adverte os líderes, mas se vê obrigado a deixá-los a mercê de seus pecados. Aquele texto bíblico poderia ser escrito assim: "E nunca mais viu o profeta aquele líder, até o dia de sua morte". Mas ele insiste, ele intercede, ele ama e ouve de Deus que não deve mais interceder por aquela pessoa... Seu amigo. Nas madrugadas silenciosas ele procura o ombro de Deus e, descobre extasiado que Deus está à procura de seu ombro para desabafar. Ou então Deus desabafa: "Quanto ao João... como amo o João. Quanto mais bato nele, mais amor sinto; quanto mais penso em consumi-lo, mais se comove por ele o meu coração". Ele intercede, clama e o desabafo de Deus é: "Não interceda mais por ele; porque eu o rejeitei". "Não interceda mais por esta cidade; porque eu quero destruí-la". Mas ele insiste. Ele vê a congregação no caminho errado; ele vê o líder vivendo na abundância de sua liderança, e clama por misericórdia. Mas ouve Deus dizer-lhe: "Chega! Não fale mais neste assunto comigo". O profeta tem que renunciar a tudo. Os demais podem ter. Ele não. Sua vida deve corresponder em tudo com a mensagem que prega. Para aqueles é lícito; para ele, não! Deus o "aperta" de todos os lados. Se Deus trata com a igreja, primeiro trata com ele. Se Deus trata com a cidade, primeiro com ele. Ele sente fome antes mesmo da fome vir; ele sente dores; antes mesmo dela chegar. O profeta encarna em seu ministério a essência do caráter de Deus. Se Deus se ira, ele também; mas não pode extravasá-la. Ele apenas geme. Como Jeremias, geme. "Ah! Meu coração! As paredes de meu coração!" (Jr 4.19). A ira que Deus sente por esta ou aquela situação consome seu interior. Literalmente ele sente dores em seu coração; quase desfalece. Parece que tem um enfarto. O único que tem direito ao desabafo é Deus. Deus precisa desabafar e encontra no seu companheiro, o profeta, o amigo com o qual desabafa! E o amigo de Deus tem que ficar quieto, sofrer as dores de Deus! E Deus desabafa mesmo! Mas o profeta, este intercessor amigo de Deus, dialoga com ele, convence-o de que não pode destruir, que tem de preservar, que o seu povo merece um pouco mais de compaixão... O profeta segura aqui embaixo a ira que vem lá de cima. E geme. E como geme! Mas ele também encarna a alegria de Deus! Não uma alegria que se extravase publicamente; é uma alegria que ambos partilham em seus momentos a sós. Deus jubila, ele também. Deus vibra, o profeta também. Vibram juntos. Como dois companheiros alegres que caminham dando risadas, eles também. Ninguém os entende. Mas eles riem. São amigos. E que amigos! O profeta é o ombro no qual Deus encontra amizade e compreensão. É o ombro no qual Deus desabafa. Deus encontra consolo no ombro do seu amigo, profeta. Com quem desabafar senão com aquele que conhece o seu coração? Deus suspira o profeta também. O coração de ambos parece ter a mesma pulsação. As lágrimas que derrama são a materialização das lágrimas de Deus; sua inquietude também. Quanto sente gozo é porque Deus sente também. O profeta é como se Deus estivesse materializado... falando... avisando... alertando. O profeta vê o que o líder da igreja não discerne. Ele vê o futuro, a glória, a noiva adornada, o noivo chegando... o líder muitas vezes tem seus olhos noutras coisas, lícitas, espirituais, mas não no que o profeta vê! E o que ele escreve, poucos entendem. A índole profética não lhe permite associar-se com o que pensam os grandes grupos denominacionais. O que escreve, raramente pode ser publicado. Soa irreverente. Não está de acordo com a editora confessional; nem com a editora secular. O que ele escreve não é publicado nem por uma nem por outra. Os extremos vividos pelo profeta cutucam o mundo com seus pecados e mexem com a igreja e suas "doutrinas" ou ideologias. Sofre profeta, sofre! É por isso que às vezes num ímpeto de fuga você quer desabafar, ir para bem longe; queimar as "pontes" os "elos" com seus antigos patrícios. Tanto faz um navio pronto a naufragar ou um deserto escaldante a lhe consumir. Ele não se importa. Ele quer mesmo é morrer! Mas seu amigo que o chamou ou que o enviou não desiste! Ele o quer perto dele, como a dizer: "Não vê que estou sofrendo por aquela gente? Não me abandone. Sofra comigo". E lá vai o profeta uma vez mais renunciar a tudo o que quer e a tudo o que sente! Deus e profeta! Que dupla amiga!
Pastor João A. de Souza Filho

Os Três Pecados da Liderança

Os Três Pecados da Liderança Pr. João A. de Souza Filho “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá” (Judas 11). Estamos assistindo a um festival de pecado perpetrado por pessoas que se consideram líderes da igreja brasileira. Eu estava refletindo sobre os pecados dos líderes da igreja – pecados a que todos estamos sujeitos – e que nesses dias têm sido destaque da imprensa brasileira. Enquanto me exercitava, caminhando pelo bairro, deixei escapar um clamor a Deus, suplicando que me ajude a não cair em tentação; pois foi ele que nos ensinou a orar assim, e que me livre do Maligno. O primeiro pecado é cometido intencionalmente. O pecado proposital. Este é o caso de Caim: ele pecou propositalmente. Deus o advertiu de antemão de que devia se desviar do mal e não cometer nenhum desatino. Esta a razão de sua oferta ser rejeitada e a de Abel aceita. Deus lhe disse: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. Nestas palavras de Deus a Caim encontramos a razão de sua oferta não haver sido aceita. Ele já planejava assassinar seu irmão. Quando um obreiro alimenta desejos pecaminosos, cedo ou tarde cairá. O pecado não surge de repente – um momento de deslize – bem ao contrário, ele é alimentado todos os dias em seu coração, em seus pensamentos. Quando surge a oportunidade, lá está o homem de Deus pecando. Assemelha-se aquele comercial antigo: provoque a sede até não poder mais: depois é só beber. Os grandes pregadores televisivos dos Estados Unidos caíram desta maneira, e alguns dos famosos pregadores que circulam por mega-eventos denominacionais aqui do Brasil são suspeitos de adultério e prostituição. É o pecado de Caim.O segundo pecado é o da rebelião, muito bem exemplificado na figura de Corá, que liderou duzentos e cinqüenta líderes de Israel num motim contra Moisés. Ele alegou que Moisés não era o único que ouvia de Deus; que Deus também os usava poderosamente no ministério. E Moisés não podia ser líder sozinho; o povo os reconhecia também como líderes espirituais. A impressão que se tem é que, quanto mais espiritual o líder, mais rebelde se torna; sim, porque a rebelião verdadeira costuma se esconder sob a capa da espiritualidade; sob o argumento de que também Deus fala com a pessoa; de que o povo os têm como líderes, etc. E a rebelião é um princípio de Satanás. Muitas novas congregações ou igrejas têm surgido sob o princípio do diabo, com a alegação de que Deus está no controle de tudo. Afinal, dizem, somos homens (ou mulheres) de Deus e temos um compromisso com a verdade. Alegação justa, se não estivesse debaixo da cobertura da rebelião. Este o pecado de Corá. O terceiro pecado que costuma afetar os líderes da igreja é o de Balaão. “Movidos de ganância”, diz Judas, esses líderes usam a espiritualidade, os dons de Deus, os dons espirituais, a capacidade de liderança para auferir ou obter lucros pessoais; para enriquecimento ilícito. À guisa de recolher dinheiro para se fazer a obra de Deus, usa-se dos recursos financeiros para enriquecimento pessoal. Temos que admitir: quando uma pessoa é usada poderosamente com os dons de Deus ela tende a ser famosa. E não existe nada de errado em ficar famoso; o problema é quando a fama não é bem administrada, e o obreiro passa a cobrar valores enormes para ministrar nas igrejas, a ponto de desprezar as igrejinhas menores que não podem arcar com as despesas do obreiro famoso.Quase sempre, os famosos pregadores que conseguem se proteger do pecado de Caim, e não incorrem no pecado de Corá, acabam por cair no de Balaão, porque este pecado é muito sutil. Assim, os pregadores famosos do Brasil estão cobrando preços exorbitantes para ministrar em algum lugar, e quando não são convidados (porque o cachê é alto), arrumam uma maneira deles próprios fazerem suas conferências nas cidades, recolhendo ofertas, levando seu material (livros, fitas, vídeos, toda a livraria ambulante), dilapidando o povo com suas promoções e ofertas especiais. Promovendo-se por trás de jogadores de futebol famosos e de políticos. Com que argumentação? Argumentando que Deus os coloca entre os príncipes e reis para proclamar o reino de Deus! Mas acabam proclamando seu próprio reino! O pecado de Balaão é sutil; porque o pregador Balaão continua fluindo nos dons de Deus – não foi assim que aconteceu com o verdadeiro Balaão? Ele só falou coisas divinas, corretas; falou diretamente do coração de Deus, mas levou a grana de Balaque, porque soube apontar ao rei o caminho que traria maldição sobre o povo de Deus. É assim que os Balaões continuam ministrando: eles têm dons especiais; têm oratória, contam histórias, sabem trabalhar com a emoção das pessoas, e conseguem se enriquecer rapidamente. Se o Ministério Público investigar, mais gente será processada e indo parar no xilindró.Não sei se lamento pelo que aconteceu ao Estevan Hernandes e sua mulher, a bispa Sônia que já apareceu na revista Caras e aparece num CD com um casaco de pele de Marta. Até o momento, confesso, não consegui orar pela libertação deles; não que minha intercessão vá libertá-los da cadeia, ou de que eu seja tão importante diante de Deus que interfira a favor deles; mas gente, Deus tem que fazer uma limpeza na sua igreja. Eles – como tantos outros - enriqueceram rapidamente e usam o ministério para ganhar dinheiro. Só faço uma oração: Que se arrependam de seus pecados. Que reconheçam seus erros. Que se humilhem diante de Deus, e que devolvam tudo para os pobres! Faz pouco tempo que escrevi num artigo que quando Jesus terminasse de aprontar seu azorrague ia ser aquela correria! E que ponham a barba de molho os pregadores que estão todos os dias na televisão; que levantam ofertas pela tevê; que amealham recursos para comprar prédios – como se Deus deles precisasse. Até imagino qual deles será a “bola da vez”. Esta pregação de que somos prósperos e ricos em Cristo é muito sutil. E, perdoem-me os amigos pregadores – eu também viajo por todo o país pregando o evangelho e promovendo avivamento - a prosperidade é só do lado de quem a prega. Existe uma prosperidade natural que vem pela prática do evangelho, mas ela não é repentina; ela vem com o progresso do evangelho e se reflete na prosperidade da nação. Se a nação melhora, todos melhoramos. Muitos dos novos cristãos grandemente aquinhoados com riqueza laboraram duramente para alcançar o status social que ostentam. Diferentemente de certos pregadores...Mas, a maioria dos pregadores pode até se aposentar, porque enriqueceram rapidamente negociando com sabedoria e inteligência os dons que Deus lhes deu. Mas, não foi o que aconteceu com Balaão: ele morreu pelas mãos de Josué anos depois. Os que escaparem dos Josués modernos (O Ministério Público que caça os corruptos), irão cair debaixo do azorrague de Jesus. E não haverá escape: nesta hora de nada adianta levantar um clamor e gritar: “Espada do Senhor...”. A espada é do Senhor contra os que procedem erroneamente.

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Prezados(as) Leitores, bom dia! Que a Paz do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seja convosco, venha ser parceiro dos nossos projetos...